sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Ditados populares


A dois dias das eleições municipais, vale reler o artigo do sociólogo e Presidente do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, publicado no jornal Correio Braziliense, 25/09/08:

A uma semana das eleições, ninguém se arrisca a fazer prognósticos definitivos. Até quem se sentia livre para externar julgamentos categóricos sobre quem ia ganhar fica agora mais cauteloso.

Não é para menos. Nos últimos anos, especialmente em eleições municipais, o que parecia certo se revelou, muitas vezes, duvidoso. Vitórias de véspera se tornaram decepções e quem tinha ido dormir derrotado, acordou feliz.


São eleições mais voláteis, em que ondas de mudança podem aparecer a qualquer hora. É difícil antecipar quando vão ocorrer e que rumo vão tomar. Mas podem vir e vêm, mesmo quando menos as esperamos.

Algumas das eleições deste ano são, no entanto, previsíveis. Seus contornos básicos estão traçados faz tempo. A elas, alguns ditados da sabedoria popular parecem cair como uma luva.

“Pau que nasce torto, nunca se endireita.”
Existe algo mais adequado para descrever o que está se passando em São Paulo, na briga Alckmin vs. Kassab? É uma dessas coisas que todo mundo sabia que ia acontecer e que ia dar errado. Pois deu. Era evitável? Sim e não. Se Alckmin optasse por se suicidar politicamente, sucumbindo ao que queria Serra, poderia ter fugido ao confronto e nunca mais seria nada, além de acólito do atual governador. Se não, se quisesse ser mais que isso, tinha que se rebelar contra o papel de coadjuvante que Serra tinha reservado para ele. Qualquer que seja o resultado da eleição paulista, só de uma coisa estamos certos: os dois maiores líderes do PSDB no estado precisam voltar para o primeiro ano da escolinha da política.
“O peixe morre pela boca.”
Se o deputado ACM Neto pudesse embarcar em uma máquina do tempo, é 100% certo para qual data voltaria: o dia em que subiu à tribuna da Câmara para dizer que ia “dar um soco” em Lula. Raramente uma só frase teve o impacto que essa está tendo em uma eleição importante como a de Salvador. Transformou um favorito em um candidato comum, que luta agora para chegar ao segundo turno, no qual terá que se ver, outra vez, com ela. Já pediu desculpas (patéticas), mas o estrago foi feito.
“Quem tem padrinho, não morre pagão.”
Com sua peculiar franqueza, foi Marcio Lacerda quem relembrou esse ditado, um pouco esquecido, da tradição mineira. É bom para descrever o que aconteceu com sua candidatura, que tem tudo para se sair vencedora no primeiro turno em Belo Horizonte. Mas serve para vários outros favoritos. Eduardo Paes, no Rio, e João da Costa, em Recife, não são, também, casos de quem tem bons padrinhos?
Mais vale um pássaro na mão que dois voando.”
É o campeão deste ano. Admitindo que um ou outro resultado possa nos surpreender, os grandes vitoriosos são os prefeitos. Em alguns casos, vinham tão bem que os eleitores nem se perguntaram se outro candidato poderia ser melhor, como em Curitiba, Cuiabá, Campo Grande, Porto Velho, Goiânia, João Pessoa, Maceió e Vitória. Em Porto Alegre, temos uma situação exemplar. Perante duas (boas) opções de mudança, os eleitores mostram-se propensos a ficar com a que já têm em mãos.
“Galinha velha é que dá bom caldo.”
Brasil afora, muitas lideranças tradicionais estão mostrando que os eleitores, em sua maioria jovens, continuam a respeitá-las. Quem apostou que tinham passado de moda, se enganou. João Castelo, o último representante de algo que a maioria dos eleitores nem sabe mais o que foram, os “governadores biônicos”, é disso o maior exemplo. Tem tudo para ser prefeito de São Luis. E Íris Resende, que, aos 75, disputa sua nona eleição, com larga frente?

3 comentários:

Carlos Maurício Ardissone disse...

Cara Marina,
A situação aqui no Rio está bem indefinida. Apesar do Paes estar na frente, boa parte do eleitorado dele, que está na Zonba Sul e que opta pelo "voto útil anti-Crivella" - leia-se "anti-Igreja Universal" - está migrando para o Gabeira. Fora isto, há a Jandira Feghali correndo por fora. Acho que o Paes está torcendo para ir para o segundo turno com o Crivella pois sabe que este tem um grande nível de rejeição, ao contrário do Gabeira, que é mais moderado e sem o selo religioso daquele. Confesso que eu mesmo estou em dúvida: Paes ou Gabeira? Só vou definir no dia da votação.

Felipe disse...

Eu não tenho acompanhado muito as eleições, confesso. Desed que saí do jornal, leio algo na internet, mas nessa eleição, específica, nao tem nada aqui, entao fico meio na espreita.

De toda forma, à tarde publicarei uma coletânea de videos surreais e outros memoráveis sorbe eleições. Dá uma olhada lá.

bj

Anônimo disse...

Título sugestivo!!!
Boa abordagem!!
Beijos