segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Cartinha de Natal

Raimunda deixou o interior do Maranhão. Nos últimos dois anos, ela viu o sol quadrado. “Entrou em cana” acusada de tráfico por causa de um ex-namorado. Quando teve a liberdade nas mãos, decidiu fazer tudo diferente... Chegou na capital federal para ser diarista. De segunda a sábado, Raimunda trabalhava. Nunca abriu uma gaveta para espiar o que tinham as patroas. Nunca levou uma fruta sem autorização da dona da casa. O medo de ver o sol quadrado sempre reinou em sua memória.

O Natal é a época que Raimunda mais gosta, apesar de passar em casa sozinha... Longe da família e sem um peru na ceia. Antes da meia noite, ela acende uma vela, faz uma oração e depois liga a TV na Globo. Vê o especial da noite e abre seu único presente de Natal, que chegou pelos Correios.

Todos os anos, Raimunda escreve uma cartinha para papai Noel e coloca nos Correios. A empresa já ficou conhecida pela campanha natalina. As cartas são colocadas à disposição das pessoas e cada uma que adota a cartinha dá o presente pedido. Os Correios realizam a entrega “do sonho”.

Nas cartas de Raimunda, ela sempre pede cesta básica. Ela escreve como se fosse uma criança, de 11 ou 12 anos. Os Correios só entregam o presente, nunca questionaram “cadê sua filha?” Neste ano, Raimunda decidiu fazer diferente. Pediu na cartinha uma boneca de cabelos longos. “Papai Noel, pode ser qualquer buneca bunita, eu só quero que ela tenha os cabelus cumpridos e bem bunitos...”

Foi na casa de uma de suas patroas que Raimunda aprendeu a mandar cartinhas para os Correios. A boneca de cabelo longo chegou! Raimunda nunca soube que o presente saiu das mãos de sua patroa... E a patroa nunca soube que Raimunda lia e escrevia...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Seria engraçado se não fosse trágico

No último domingo, o Fantástico apresentou uma reportagem sobre o desempenho do palhaço Tiririca nas provas de alfabetização dele. O palhaço foi submetido ao teste porque, de acordo com a Constituição Federal, para exercer cargo público, o “sujeito” não pode ser analfabeto... E Tiririca teve mais de milhão de votos para o cargo de deputado federal.

Mas hoje em dia o que é ser analfabeto? Saber escrever o próprio nome já basta? Que isso! É coisa do passado escrever o nome... Veja o caso Tiririca. O palhaço errou 8 palavras de um ditado com 10. Levou 3 minutos para ler uma frase completa. Não soube diferenciar o som do “s” nas palavras e ainda assim pode ser deputado federal, com um salário de mais de 12 mil reais por mês. Sem falar dos benefícios, né...

Tiririca não foi considerado analfabeto. O que ele seria então? Seria engraçado se não fosse trágico. Um palhaço na Câmara dos Deputados. Representando o povo, assinando projetos para o povo. Ops, no caso do Tiririca deve ser “deixando sua impressão digital”... Imagina um discurso dele no plenário da Câmara. Ler ele não vai. Já deu provas disso. Ou decora ou faz o que sempre soube fazer: palhaçada.

Talvez, ele esteja no lugar certo... Ali o que mais tem é palhaçada. Nós é que estamos no lugar errado... Carregamos nariz vermelho; mas não estamos num picadeiro!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Tamanho não é documento; mas é notícia

O homem mais alto do mundo, o turco Sultan Koser, invadiu as manchetes brasileiras nos últimos dias. Em um programa semanal, o homem mais alto do mundo aparece curvado... pra entrar no elevador e chegar ao local onde daria a entrevista ao apresentador... No início da semana, ele estava em uma das avenidas mais conhecidas do Brasil – Avenida Paulista, em SP. Em seguida concedeu uma coletiva aos jornalistas e virou manchete. Você conhecia cinema? Não! Quantas namoradas você já teve? Eu nunca namorei. Como foi sua infância? Morava em um bairro pobre...

Por que o homem mais alto do mundo é notícia? Porque veio conhecer o Brasil? Porque sofreu um tumor que o deixou com 2,47m? Porque é “engraçado” ver coisas diferentes nos jornais? Concordo que o inusitado merece espaço; mas neste caso... Sultan é considerado o homem mais alto do mundo por causa de um tumor, que só foi curado aos 24 anos. Por que? Era uma criança pobre e sem acesso à Saúde. Se isso for inusitado, então, cabe a imprensa procurar por outras anomalias e dar espaço nas manchetes.

Imaginem quantos obesos mórbidos poderiam “concorrer” ao título de “mais gordo do mundo” porque não conseguem uma cirurgia bariátrica no SUS... E por isso são gordos (e correm risco de vida). Tamanho, pra mim, seria notícia, se Sultan fosse o homem mais alto do mundo com saúde ou um jogador de basquete... Não um homem triste, com dificuldades para andar e com uma trajetória de vida que é um drama. Os 2,47m de Sultan parecem pequenos perto dos reais sofrimentos dele...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Tecla branca

Naquele domingo, João Paulo Rodrigues da Silva não iria ao clube com sua família. Naquele domingo, seus pais e sua irmã mais velha, Bianca Rodrigues da Silva, acordaram cedo para ir à escola. “Oh, pai, a Bianca tem aula hoje?” O pai respondeu que João também iria para escola e quando voltassem almoçariam todos juntos.

No fogão, a comida estava sendo preparada pela mãe. Feijão preto, arroz branco, carne de panela. “Oh, mãe. Você vai fazer batata frita?” A mãe respondeu que não. Bianca lembrou que todos precisavam levar para escola um documento com foto. A regra agora tinha mudado.

Eram quase 11h quando todos saíram de casa. Chegaram à escola e lá uma fila... “Oh, pai, por que as pessoas estão paradas aqui?” A escola estava cheia de eleitores. Na fila, João só escutava o apito das urnas. Primeiro foi Bianca. Depois a mãe e depois o pai, de mãos dadas com João.

João, de apenas 8 anos, observou o pai apertar as teclas. Ele reparou nas cores: branca, verde e amarela. “Oh, pai, não tem a vermelha?” O pai respondeu que não. Depois de cumprido “o direito”, a família Rodrigues da Silva voltou para casa. A mãe foi para o fogão, o pai para frente da televisão e Bianca para o computador. João foi o único que ficou perto da mãe.

Durante o almoço, Bianca tentou iniciar um diálogo sobre as eleições e seus votos. Os pais respondiam com monossílabos. Entre as frases perdidas na mesa do almoço, uma causou indigestão: “O papai só apertou a tecla branca...”

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Tudo igual...

Mais uma vez somos espectadores da disputa eleitoral, ou melhor, do circo eleitoral... De quatro em quatro anos, tudo se repete... O Tribunal Superior Eleitoral divulga um monte de “novas-e-brilhantes” iniciativas (pra grego ver), candidatos preparam “estrategicamente” planos de governo, mídia realiza infinitos debates entre os “concorrentes” aos melhores salários do país... E por aí segue a repetição.

Até a “história” das multas é igual. A multa eleitoral é aplicada ao candidato que não obedece à lei eleitoral. Ou seja, desrespeita uma norma, uma regra... Belo exemplo, não? Nem entrou no cargo que concorre, mas já mostra que lei (no Brasil) não foi feita mesmo para cumprir...

Lula, Dilma, Serra e companhia ilimitada já foram multados, nesta disputa eleitoral, por propaganda antecipada. Os valores parecem piada... Descumprir a lei custa apenas R$ 5 mil. E outra: o candidato pode ser multado inúmeras vezes sem nenhuma penalidade para campanha, partido ou para ele mesmo. A regra é básica: paga-se a multa e segue o jogo...

Sem utopia ou “pieguisse”, mas nesse ponto a Justiça falha. Precisávamos de mais punho contra essas ações ilegais. Novos eleitores são conquistados por meio dessas propagandas. É como se fosse (ou é) um vale-tudo para conquistar votos. Mas quem questiona o exemplo? Quem dá o exemplo?
Assim segue a repetição... Até minha cutucada entrou nesse jogo... Já ficou repetitivo falar dos nossos futuros candidatos...

sábado, 7 de agosto de 2010

Sem tempero

Pra quem viu o primeiro debate entre os candidatos à presidência do Brasil na televisão, esta expressão é unânime: “sem tempero”. Alguns vão tentar me convencer de que um candidato lunático animou a noite...

A emissora tentou ser imparcial, até que tinha regras para tal; mas a noite de debate ficou apenas com dois candidatos. O lunático reclamou, mas não adiantou. Ele inclusive reclamou bem antes, quando quase foi excluído de participar, vamos chamar assim, da “conversa entre amigos...”

O nervosismo dos candidatos foi notado até pelo bêbado (que assistia SP x Inter). O discurso pronto, ensaiado, já não agrada tanto. Tanto que a audiência foi pequena ... E o poder de síntese, nenhum deles mostrou que tem. Aliás, só um deles. O candidato que já tentou a vaga em outras eleições. Você ainda pode questionar, “mas eram só dois minutos para falar”.. Minha réplica: 30 segundos é tempo suficiente para dar uma informação!

Durante a “conversa entre amigos”, o twitter (microblog) “bombou”. Os internautas também não estavam satisfeitos com o que viam... Eram frases com piadinhas sobre o desempenho dos possíveis presidentes: “A Dilma está mais nervosa do que carne de terceira”, Ricardo Pipo – ator.

E isso é o pior... Na oportunidade de, de fato, debater; nós vimos discursos preparados, frases treinadas, estratégias (de tentativa) de controle e como sempre um “diferente”, no caso, o que assumiu o papel de lunático. E pra falar a verdade, eu tenho medo dessas diferenças... Da última vez, foi o metalúrgico, sindicalista que levou “a vaga”.

A menos de dois meses para eleição, para a escolha do “novo” presidente do país... Nossa comida continua sem tempero!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Cutucadas da Copa

A Copa do Mundo terminou... Nossa, que forma mais “piegas” de se começar um texto. Ainda mais para falar de Copa do Mundo. Nessa temporada, lemos e ouvimos cada texto, verdadeiras poesias, obras de arte... Eu, particularmente, adorei a cobertura feita pela imprensa nesse campeonato. E como não estou concorrendo à taça de melhor texto, o meu começa assim... A Copa terminou... Mas as cutucadas não...

Número 1: A seleção da Alemanha não levou a taça para casa. Só por causa do futebol, porque quando o assunto é cutucar, o técnico dessa seleção segurou a taça. Baita dedão no nariz... Bela cutucada! A taça do mundo é sua, Joachim...

A vice-campeã das cutucadas foi uma frase, desconheço a autoria, que circulou na internet logo depois que a seleção “amarelada” perdeu da Holanda: 1 dunga, 11 sonecas e 190 milhões de zangados. É, mais uma vez, a única taça que os brasileiros seguraram foi a tulipa. Eita! Que o povo bebeu...

A medalha de prata, eu entregaria ao Dunga... O que foi isso? Censura à imprensa, censura aos jogadores, censura aos treinos. A sorte do Dunga foi chegar ao Brasil e ficar sem surra... 2014 é logo ali, esse foi o consolo.

No quarto lugar, bem longe de um consolo, está o Movimento Cala Boca, Galvão. Surgiu na internet e ganhou tanta força que virou capa e matéria especial da Revista Veja... Eu disse bem longe do consolo porque, infelizmente, ele continuou narrando os jogos...

E para fechar, no último lugar, não menos importante, a repórter Ilse Scamparini. Apesar de estar com espanhóis, ela não segurou a taça; mas um leque laranja... A repórter entrou ao vivo, vestida com uma blusa de manga longa, abanando um leque laranja e reclamando do calor na Espanha (40 graus)... Estranho, no Rio, a temperatura também é alta e eu nunca vi repórter com microfone e leque... Espero que isso não vire moda...

É, porque na Copa do Mundo, a gente tenta, inventa e não faz diferente. É... 2014 é logo ali e pelo que vi... Tem muitas mãozinhas segurando a taça...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Papagaio de campanha (de novo)

Santana acordou com uma bela ressaca. Saiu da cama, ainda descalça, de blusa e calcinha. Foi até a cozinha onde preparou a cafeteira. O cheiro do pó provocou arrepios. Estava com estômago “zoado” demais por causa das incontáveis “Cuba-libres” que tomou na noite anterior. A festa foi patrocinada por Bento 35, candidato a prefeito, com grandes chances de levar o trono.

Bento 35 fez uma campanha de deixar qualquer concorrente sem cabelo. O candidato se inspirou em algumas “lendas brasileiras”. Chegava na favela, onde Santana morava, jogando aviãozinho de dinheiro, igualzinho Sílvio Santos em seu programa semanal. Reunia as famílias da favela e apresentava um tanto de eletrodoméstico. “Quer pagar quanto?” E o povo levava DVD, televisão, ferro de passar, aparelho de som, tudo por menos de R$ 5,00. Nem nas casas “Bahia” se viu preço assim.

O homem parecia santo. Selecionou bem aqueles enfermos e pagou vários tratamentos médicos, deu remédio e salvação para muitos. Nem “padim Cícero” fez tantos milagres na favela quanto Bento 35. A criança não enxerga. “Bota óculos na cara do minino, gente!” O velho não anda. “Tá aqui sua bengala”. O homem estava confiante. E Santana feliz! Eram churrascos, jantares, bailes regados a Funk, showmícios. Showmício?! Mas isso não estava proibido? “A proibição é coisa do demú. A campanha é minha, faço como quiser”. Nem a tropa federal conseguiu dar limites à Bento 35.

Santana deu o primeiro gole no café, estava sentada na porta de sua casa. O sol era forte e, no fim do morro, alguns “muluques” jogavam bola. Olhou para camiseta e lembrou de Bento 35. “Graças a esse político filha da puta, consegui minha televisão e meu DVD. Tenho cesta básica que dá até pro fim do ano. Os remédios que ganhei vou vender fora do morro, já é uma grana extra...”

Às 16h, Santana chegou na zona eleitoral. A fila era pequena, apenas a “burocracia” impedia que o voto fosse mais rápido. Quando chegou a vez de Santana, calmamente, ela digitou os números de Aurélio que, nas pesquisas eleitorais, estava em segundo lugar. Foi pra casa e ligou a televisão, que ganhou de Bento 35. Lá pelas sete da noite, as emissoras começaram a divulgar os resultados preliminares. Aurélio estava na frente. Santana botou a roupa mais chique que tinha no guarda-roupa e foi para o barracão, onde os eleitores de Aurélio aguardavam “a sentença”.

“Venci! Porque o povo descobriu o meu valor, o povo viu que vou dar o melhor de mim e mudar a realidade. Essa gente precisa da diferença e ela sou eu...” Emocionado, Aurélio ainda tentava alongar a fala, ainda mais porque estava sendo entrevistado por um repórter de uma emissora de peso. Atrás dele e quase apoiando a cabeça em seu ombro estava Santana. Papagaio de pirata e... de campanha!
** Esse texto publiquei em outubro de 2008, aqui no blog. Como ele é atual, vale o bis...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Cinco anos

Do primeiro mês de vida ao cinco anos de idade, coisas importantes acontecem na vida de uma criança. Ela descobre que tem membros, que tem paladar, olfato, que os objetos tem cores, cheiros... Elas descobrem sons, aprendem a ouvir, aprendem expressar suas vontades... Neste período, elas também desenvolvem sua personalidade e seu caráter. Exatamente, no quinto ano, ela “amadurece” socialmente, emocionalmente e mentalmente. Nesta semana, o Conselho Nacional de Justiça chegou nesta fase. Cinco anos de vida!

Como no desenvolvimento infantil, o CNJ amadureceu! Criado em 2005, para auxiliar o Judiciário, este Conselho já mostrou o tamanho de sua importância para a sociedade. Durante cinco anos, colecionou ações inovadoras como a Criação do Cadastro Nacional de Adoção, que reduziu o número de crianças sem família, o projeto Começar de Novo – um recomeço para os ex-presos, os Mutirões carcerários, que ajudaram a tirar das cadeias detentos que tinham cumprido suas penas. A resolução sobre o fim do nepotismo foi um marco para o Judiciário e exemplo para toda a administração pública. O tema virou inclusive súmula vinculante do STF.

A cada 15 dias, os 15 conselheiros do CNJ realizam uma sessão plenária, onde julgam, punem, assinam acordos, parcerias... Parcerias que vem dando resultado, principalmente, com os tribunais de Justiça espalhados pelo país. Por meio do CNJ, muitos já estão completamente informatizados, o que possibilita a celeridade e agilidade dos processos e ações. Por meio das inspeções, o Conselho identifica problemas administrativos e exige correções.

É, nesse aniversário de cinco, realmente, o CNJ tem o que comemorar... Cresceu e vem escrevendo sua história no Judiciário. A população brasileira é que ainda precisa amadurecer e explorar mais os avanços do Conselho...

sábado, 5 de junho de 2010

Teste Número 1

O que significa o número 1 para você?
Hoje, para mim, esse número no começo de um telefone pode significar “problema”... Já reparou que a imprensa (em Brasília) sempre tem um telefone com número 1 para te indicar... Samu, Procon, Governo, Detran, Polícia, Ceb, Caesb e sei lá mais o quê... O número 1 está presente!

A minha curiosidade era saber por que a “informante” nunca mostrou uma matéria sobre esses telefones, que funcionam muito mal. Um dia, eu – como cidadã - resolvi fazer o Teste Número 1. Liguei nos principais “órgãos” e tentei uma comunicação...

Primeiros resultados: Número 1, nunca atendem de primeira. Número 2, quando atendem; não resolvem o problema de primeira. Número 3, não são os primeiros em qualidade de atendimento. Aqueles serviços que são essenciais, segue o conselho! Se você de fato estiver precisando de ajuda é melhor ligar para um amigo...

O Teste Número 1 teve um resultado um pouco diferente quando liguei como jornalista... A resposta foi única: Senhora, por favor, procure a nossa Assessoria de Imprensa. Ela vai estar te ajudando. “Uai, o gerúndio não tinha sido proibido pelo ex-governador Arruda?”

Enfim, como aqueles testes de revistas de adolescente, o meu (Teste Número 1) também não deu certo...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Inauguração de... maquetes


Todo mundo já falou do assunto e eu serei incluída nesse “generalismo”: todo mundo! Foi dada a largada para a disputa eleitoral de 2010. Não é novidade que teremos que escolher nosso novo presidente, governadores, senadores e deputados; claro, sem saber o que alguns deles fazem... O importante mesmo é apertar a tecla verde: FIM.

Enquanto a gente só pensa no fim, nossos candidatos se preocupam, cada vez mais, em inovar... Até mesmo na maneira de enganar! A moda agora é inaugurar maquetes, placas e pedra fundamental. Hã, pedra?

O pior foi escutar que um “tal” governador estava inaugurando até placas para ser colocadas nas obras (que sequer saíram do papel)... E o detalhe, as placas precisavam ser levadas ao gabinete dele, assim, “evitaria” o risco de ser multado por propaganda antecipada. E o risco pela propaganda enganosa? Esse não existe...

Nesta disputa eleitoral veremos muitas inaugurações, mas não saberia dizer quantas delas de fato serão usadas pelo cidadão. Veremos recursos públicos desviados para inaugurações de maquetes e, talvez, veremos que, mais uma vez, não podemos fazer nada... a não ser apertar a tecla verde ou a vermelha: corrige!

terça-feira, 23 de março de 2010

Chove chuva...

Silvia saiu às oito da noite da redação e olhou para o céu, negro e chamativo. As ruas estavam alagadas. Levou mais de quarenta minutos para chegar em casa. Tentou ligar a luz... Casa escura, água fria e chuva lá fora. O silêncio caiu bem, tinha tempo que não sabia o que era isso. Água gelada? Só no calor para matar a sede, mas naquela noite o banho foi assim... Acendeu velas aromatizadas e abriu um bom vinho. A bebida na taça formava uma imagem destorcida. O vermelho se misturava com o laranja do fogo.

Silvia foi para janela e ficou olhando os pingos grossos que caiam. Uns sobre os telhados, uns na grama, outros nem chegavam ao chão. E outros refrescavam seus braços encostados na janela. Ao longe, o barulho da buzina fez Silvia lembrar que, a cada chuva, Brasília pára. O trânsito fica caótico. Aumentam os acidentes, batidas bobas por causa daqueles que insistem em andar colados na traseira. Outras mais graves. Grave mesmo é a situação dos que moram em invasões na capital. Os barracos são arrastados pela chuva. Famílias perdem tudo, roupa, comidas, móveis e perdem a dignidade.

O governo sabe que as famílias estão lá. Por que esperar a chuva? Talvez, porque isso é notícia e notícia chama imprensa e imprensa é publicidade gratuita e espaço pra fazer “politicagem”. As famílias desabrigadas e molhadas tentam recuperar o que sobrou do que um dia chamaram de casa. O governo como consolo diz: eles serão levados para os abrigos da cidade.

Silvia deu um intenso gole no vinho. Admirou sua casa. Se sentiu em uma fortaleza. Colocou o pijama e foi dormir. Na madrugada, os gráficos rodavam o jornal. A foto da manchete: uma criança descalça, com a chupeta na boca, olhando para o brinquedo coberto de lama. “Chove chuva, chove sem parar...”

*Crônica escrita por Marina Amaral e publicada no blog em 1° de outubro de 2009.

terça-feira, 16 de março de 2010

De quem é a culpa?

Existe um mito na história do Brasil que diz: a expulsão dos holandeses foi prejudicial ao Nordeste, que com eles teríamos ficado muito melhores... Recife fica numa celebração a meu ver, boboca, destes poucos anos em que foi dominada pelos holandeses. Assim, como São Luís fica se vanglorando da origem francesa. Pura Tolice!

O sistema colonial que a Companhia das Índias Ocidentais previu para o Brasil era baseado na mesma linha mestra de Portugal, a cana-de-açúcar em sistema de plantation. Estive em Curação e a ilha não é um país desenvolvido, apesar de linda (como o Nordeste). Indonésia e Suriname são exemplos certeiros de que os holandeses não iriam fazer muita coisa diferente no Nordeste.

Os franceses também não teriam feito por São Luís melhor que os portugueses e o exemplo é ainda mais contundente - o Haiti foi colônia francesa. Nem a colonização Inglesa era garantia alguma, vide a paupérrima Guiana Inglesa. Aí fica a questão: mas por que os Estados Unidos e o Canadá ficaram desenvolvidos? Aquela velha história de colônia de povoamento/exploração vem a tona...

É a máxima! Somos pobres. De quem é a culpa? Claro que é da Europa, que primeiro nos explorou e depois dos EUA, que continuou. Evidente que a culpa não é nossa, a culpa é do Imperalismo, diz o perfeito idiota latino-americano que é livro excelente sobre a questão. (Manual do Perfeito Idiota Latino Americano, Autor: Mendoza, Plinio Apuleyo; Llosa, Alvaro)

Esta análise não resiste a uma comparação desconcertante: em 1817, o PIB do Brasil era igual aos dos Estados Unidos. Aliás, nesta época, os EUA tinham escravidão, pobreza e conflitos vários. Em 1814, a Inglaterra invadiu facilmente os EUA, saqueram Washington e botaram fogo na sede do governo, que precisa ser pintada de branco de tempos em tempos para disfarçar as marcas do incêndio - e é só por isso que é a Casa Branca.

Se saímos do mesmo ponto quando nos tornamos nação, por que a distância é tão grande hoje?Falta de instituições, de estabilidade política, desrespeito a propriedade privada e aos contratos, os golpes, as quarteladas, a opção pela agricultura (Mauá e Delmiro Gouveia foram tratados quase que como criminosos), várias causas, mas vou enumerar algumas que eu acho que também fazem diferença e são pouco faladas:

1-O Brasil demorou demais a acabar com a escravidão e recebeu escravos demais (recebeu quase 55% de todos os escravos que vieram para a América).

2-O Brasil recebeu imigrantes europeus e japoneses de menos, que era mão-de-obra extremamente qualificada e organizada.

3-Estivemos imersos demais na ideologia católica, que não valoriza o trabalho, o lucro e o mérito pessoal, ao contrário dos protestantes de linha presbiteriana (sei que esta tese é batida, vide Max Weber, mas é comprovada na prática, basta olhar a Alemanha e a Itália, unificados na mesma época, com população e área parecidas).

4-Não nos envolvemos o tanto que deveríamos e poderíamos nas duas guerras mundiais, perdemos este bonde. Pode chamar de politicamente incorreto, mas nada melhor que uma guerra para desenvoler a economia.

A Constituição dos EUA, de 1787, estabelecia mandato de quatro anos com direito a reeleição, sem especificar o número possível destas reeleições. George Washington herói nacional(?!?), elegeu-se em 1788 para presidente, em 1792 foi reeleito para mandato até 1796. Em 1796 poderia se candidatar de novo e estava praticamente eleito. A Constituição permitia. Aí pensou bem e disse: "Tá bom, oito anos é um tempo razoável, mais que isso vira monarquia, e foi para se libertar de uma que a gente fez a guerra, é saudável que haja alternância de poder, porque ninguém é iluminado."
Ainda que um governo esteja indo bem, é bom mudar, porque o outro pode trazer nova contribuição e evita que o grupo acabe ficando viciado no Estado. O Poder, na república de verdade, somente se justifica se for transitório. Sábias palavras, acho que talvez a explicação da tal distância BRASIL/EUA esteja por aí. Nestes tempos de 2010 é bom lembrar isto porque, como diz meu pai, para o bom entendedor tiro de meta é pênalti.

Sei que algumas ideias são polêmicas... Mas, gosto de provocar mesmo!
* A autoria do texto é do procurador Federal Alisson do Valle Simeão.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Abstrata

Já viu crianças do maternal em uma “aula de artes”? Elas gostam de pintar com “tinta guache”... A obra que surge, eu classificaria como “abstrata”. Mas tem outra coisa que estou considerando abstrata também. É a situação política do DF... Desde quando abriram a Caixa de Pandora que muita gente sumiu do tal governo.

Secretários! Acho que nem existe mais esse cargo. Agora é só secretário-interino... Deputado com partido também é coisa rara, a moda é se desfiliar... Governador? Esse cargo virou história em Brasília. Pela primeira vez, vimos um preso. Quem assumiu a vaga deixada, eu não conheço e se quer votei nele.

Nessa obra abstrata, chamada política, ainda tem elementos ilusionistas. Um tal deputado foi preso. Mas o homem pode assumir uma vaga na Câmara Legislativa deixada por um outro deputado, também envolvido no esquema de corrupção.

É uma mistura, igual a das crianças na aula de artes. O papel é um verdadeiro borrão, você não consegue identificar as cores e nem o que elas formam. Na obra candanga, também é assim: você não consegue dizer quem é quem e nem onde isso vai terminar...

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Roubolation

A sensação do carnaval já chegou em Brasília: Roubolation...

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Antes, agora...

Tudo depende do ponto em que você está...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A arte do improviso

Depois de um longo dia de trabalho, Angélica chegou em casa e se preparou para o último ensaio de sua escola de samba. Angélica modelou os cachos, colocou o uniforme da escola e uma saia bem curta, que dava movimento ao quadril... Seguiu para o galpão. Neste ano, a responsabilidade de Angélica aumentou. Ela vai sair a frente da bateria, uma rainha.

Antes do ensaio, Angélica passou os olhos nas fantasias, ainda espalhadas pelo chão e cadeiras... O galpão rodava junto com seu olhar. Reparou nos detalhes das roupas e começou a relembrar o desafio de colocar uma comunidade, por menor que seja, para desfilar. As pessoas que estavam lá eram as que amavam o que faziam, amavam a comunidade e tinham o mesmo sonho: sambar, fazer bonito e vencer.

A rainha da bateria cresceu com o samba... A avó dela foi a pioneira na comunidade, depois foram os pais, os tios, os irmãos. Todos antes de aprenderem a sambar, aprenderam a arte do improviso. O incentivo do governo é pouco e a prestação é paga com atraso. Para montar o enredo, os carros alegóricos, as fantasias, a comunidade precisa mesmo é da imaginação e da criatividade...

E isso não faltou para a comunidade de Angélica. Na avenida, a escola iria apresentar muita coisa reciclada, corpos pintados, fantasias inovadoras com garrafas petis e sacolas plásticas. Quando o repique tocou, Angélica viu um repórter se aproximar... Ele estava ali fazendo o mesmo trabalho de sempre e a mesma ofensa: “Todo ano é a mesma coisa, né?” perguntou o repórter. Angélica escutou o surdo, respirou e respondeu: “Quando os jornais terão repórteres sensíveis para entender que carnaval não é apenas uma festa, é uma história de vida de uma comunidade?”

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Mexidão do DEM


Em Brasília, um telejornal local tem um quadro chamado Bom e Barato. Neste espaço, são apresentadas receitas populares, práticas e, o melhor de tudo, baratas. De tanto assistir ao telejornal, fui inspirada a criar um prato. Claro, bom e barato. Apresento a vocês o Mexidão do DEM...

O prato precisa ser preparado em uma panela de pressão, pode ser a Câmara Legislativa do DF. Os ingredientes são básicos e fáceis de achar: políticos, imprensa e discussão - o tempero mais comum das relações. Aí é só começar a misturar tudo na panela. A dica do chef é: ficar de olho na temperatura para não pegar fogo.

Tome cuidado com a ordem dos políticos, porque eles nunca ficam parados. Ao mesmo tempo em que está na CPI, meia hora depois já não está. Em algum momento, ele pode ser do partido, no outro já saiu. O importante é perceber essa movimentação para tentar controlar a receita... Assim, o chef nunca será pego de surpresa!

Tem um ingrediente que está difícil de tirar do prato. É Arruda... Parece que a tal plantinha ficou impregnada. Mesmo colocando muita pressão, o ingrediente permanece no lugar. Para alguns é impossível engolir esse Mexidão. Para outros, não tem coisa melhor... Mas a dica do chef é: “se a vida te der um limão, faça uma limonada... ou uma caipirinha!”

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A nova mulher do Lula

Não! Não pensem que este texto é um furo jornalístico... Mas o presidente da República tem uma nova mulher. E acho que todos já perceberam. A “novidade” está sempre com ele. Acompanha o presidente em todo o seu trabalho: inauguração de obras no país, reuniões, viagens, congressos, jantares e etc e tal... Até quando o “estrela-de-filme” passa mal e é internado, ela está ao lado. Não foi a primeira-dama que saiu do hospital em Recife com ele, na semana passada quando sentiu um mal-estar...

E como toda celebridade, que não quer assumir um “relacionamento” para a imprensa, o presidente-estrela não foge à regra. Até o momento, ele não afirmou nada. Tudo está dentro da normalidade. Será que está mesmo? Alguns enxergam exageros e tentam questionar; mas logo vem a mão brasileira e tudo fica “como tem que ficar”. A coisa já foi parar no Tribunal Superior Eleitoral algumas vezes, sem sucesso.

O presidente e sua nova mulher ainda não oficializaram a união; mas os preparativos para o “casamento” em 2010, que deve ocorrer em outubro, já começaram. A equipe deles não dorme no ponto, quem dorme é o brasileiro... que vai caindo direitinho no “conto de fadas” preparado por eles. Lula não pode se candidatar, então, nada melhor do que colocar sua nova mulher no comando... Agora, é esperar por um final feliz, só não posso afirmar pra quem...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Novo BBB


No próximo dia 12, vai começar mais uma edição do Big Brother Brasil. Tem muita gente que gosta do programa. Eu... “Prefiro não comentar”. Esta mania de espiar parece que virou moda. Outra emissora também criou um programa de “espionagem”... Nas ruas, nas escolas, nos hospitais, nas igrejas, nos elevadores, etc, etc e etc, lá estão elas: as câmeras “escondidas”. E olha que o povo gosta. Uns nem se incomodam, outros já fazem caras e bocas quando encontram com uma.

Mas, se tem um BBB que eu gosto é aquele político. Nossos representantes flagrados com câmeras escondidas... Eles agem de forma tão natural, que o ato filmado não precisa de uma interpretação, é simplesmente agir como a realidade. Tenho certeza de que a audiência da última edição do “BBB político” foi grande...

Deputados, empresários, assessores e o próprio governador do Distrito Federal guardando e contando “bolos” de dinheiro. Eram cenas que mostravam a falta de senso... O presidente da Câmara Legislativa do DF guardando dinheiro na meia. Fala sério! Safados, ops, deputados “orando”, agradecendo pela doação recebida...

Como todo programa tem seus cortes, o BBB político também “sofreu” o seu. Fico imaginando o que não vimos... Só espero que, neste ano novo, nos reste apenas o BBB da Globo. Chega de novas edições políticas!!