segunda-feira, 30 de março de 2009

Cadê o diploma?

Se o presidente Lula fosse iniciar esse texto, provavelmente, ele diria: “Nunca na história desse País, o Supremo Tribunal Federal julgou tantos casos polêmicos...” E eu concordaria com ele. Nesta semana, mais um “caso polêmico” será “decidido” na Corte: a exigência do diploma para jornalistas.

A polêmica começou quando o Ministério Público Federal entendeu que, baseado no artigo 5° da Constituição – que fixa o direito do livre trabalho e da livre expressão da atividade intelectual e de comunicação, não seria necessário o diploma para os jornalistas. Em 2001, uma liminar da Justiça suspendeu a obrigatoriedade do diploma para exercer atividades jornalísticas. E agora caberá ao STF “bater o martelo”.

Se a Corte entender que para ser jornalista não é preciso sentar no banco de uma universidade, quantas outras profissões seguiram o mesmo caminho? Já basta a de “presidente do Brasil”. E quem dedicou sua vida aos estudos da comunicação, da ética, da Lei da Imprensa, lutou por uma formação acadêmica... será indenizado pela Justiça por tanto tempo perdido? E como fica a situação de quem ainda está na faculdade, lutando pelo diploma?

A discussão é, no mínimo, polêmica. E não me assustaria se o diploma de jornalista fosse banido. E isto abriria precedentes para que outros diplomas sejam “rediscutidos”. O julgamento será nesta quarta-feira, dia 1° de abril, dia da mentira. Até lá, espero ver mais notícias sobre o assunto nos jornais, quem sabe manifestações, jornalistas discutindo o assunto... Se o presidente Lula fosse finalizar esse texto, ele diria: “nunca na história desse país se viu tanto jornalista sedentário.” E eu concordaria com ele!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Será que ela é?


"Nem amarrada respondo!"


Esta foi a resposta que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deu, ontem, em uma entrevista ao telejornal "Bom dia Brasil" quando foi questionada sobre a candidatura para as eleições de 2010.

Para bom entendedor, o silêncio, também, basta!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Júri popular para os Nardonis

Domingo passado, enquanto assistia uma matéria no Fantástico que falava da pequena Isabella Nardoni, meus olhos encheram de lágrimas ao tentar imaginar o sofrimento da mãe e da família. Os acusados ainda não confessaram o crime e ninguém, por enquanto, sabe de fato o que aconteceu naquele trágico dia 29 de março de 2008. Depoimentos, perícias, especulações, imaginação... os fatos e os passos que levaram Isabella à morte ainda não foram revelados. A dor de quem perdeu permanece, não tem remédio. A dúvida e o mistério ainda estão com a polícia. E a nós, fica a curiosidade!

Ontem, a Justiça determinou que o casal acusado (pai e madrasta) vá a Júri Popular, provavelmente no segundo semestre deste ano. Apesar de ver os passos da Justiça, fico me perguntando se ela não é tardia? Depois de um ano, o casal senta no banco dos réus. Quantas “coisas” que poderiam ajudar a desvendar os fatos não se perderam nesse tempo? Os inúmeros recursos e o “vai-e-vem” dos processos permitem que o tempo entre o fato e o banco do réu fique cada vez mais longo.

Justiça seja feita! E revista. Por que você acha justo que um pai que joga a filha do sexto andar de um prédio, fique na cadeia, recebendo alimentação, cuidados... tudo com o seu dinheiro? E se tiver "bom comportamento" ainda tem a pena reduzida? Talvez, o Brasil precise de penas mais firmes e não alternativas. A violência precisa ser combatida. E para isso, é necessário um exército de mudanças!

segunda-feira, 23 de março de 2009

Índios na Corte


Quem cobre o Judiciário, conhece bem as “regras” para acompanhar uma sessão plenária. Calça jeans, blusa de manga curta, joelhos de fora, nada é permitido. Homens sem gravata e sem terno também não. Mas na semana passada, a sessão plenária da Suprema Corte abriu uma exceção e permitiu que roupas diferentes fossem usadas. Os seios de fora das mulheres indígenas não foram permitidos, mas os índios puderam entrar na corte como vivem em suas reservas.

Esta cena, pra mim, representou apenas o começo de um passo histórico e polêmico no Brasil: a demarcação de terras. Os índios estavam no Supremo Tribunal Federal para acompanhar o julgamento sobre o caso Raposa Serra do Sol – arrozeiros contra indígenas lutando por um pedaço de terra, já demarcado em Roraima. Os índios saíram vitoriosos. Por dez votos a um, os ministros entenderam que os índios deveriam permanecer na terra. Eu disse permanecer, porque a terra “de fato” não é deles. O processo foi finalizado com 19 ressalvas, entre elas: os índios não podem cobrar pedágio, não podem explorar a mineração da área, as Forças Armadas tem total liberdade para entrar na reserva. Ou seja, os índios permanecem na terra e sobrevivem como primatas?

Disse que o tema é polêmico... A área da Raposa Serra do Sol faz fronteira com a Venezuela. Nada mais que justo ter o controle das Forças Armadas por lá. Imagina o que não entraria no país? Não defendo a inocência dos índios, até porque não acredito nela. Mas fico me questionando como será a sobrevivência dos 18 mil índios que estão na região, já que os grandes agricultores terão que deixar a reserva? A Funaí, sinceramente, é um órgão falido (e por que não esquecido)...

A Justiça julgou e recomendou, mas quem vai fiscalizar? Este julgamento servirá de base para outras questões envolvendo demarcações. Não tenho dúvidas de que foi um marco histórico; mas ainda existem outros pontos polêmicos neste assunto que não cabe apenas a Justiça decidir, mas a nós, brasileiros, refletir...

“Quem me dera ao menos uma vez, explicar o que ninguém consegue entender que o que aconteceu ainda está por vir e o futuro não é mais como era antigamente...”

sábado, 21 de março de 2009

Cutucada da semana - Onde fica o Paraguai?

A educação no Brasil anda mal. O país está classificado entre os que menos se preparam em matemática e ciências, por exemplo. Não é para menos: os professores ganham pouco e são mal preparados. Mas o que não se podia supor é que os livros contenham erros graves. Mudam até a geografia. São países trocados e nomes errados. Esses livros estão nas mãos de milhares de crianças e não serão recolhidos.
Milhares de estudantes da sexta série da rede pública estadual de São Paulo vão continuar usando um material que deveria ser didático. Muitos outros podem ser afetados, porque esses livros acabam em bibliotecas e são consultados por outras pessoas. Para alunos, pais e professores, trata-se de um absurdo. Para a secretaria de educação, foi um erro menor.
Bolívia e Paraguai são um país só? Existem dois Paraguais? Outro Paraguai aparece embaixo do Rio Grande do Sul, banhado pelo mar, como ele nunca foi. A geografia, às vezes, não tem limites. Assim é a América do Sul para o aluno de sexta série da rede pública estadual de São Paulo. Um mapa está impresso em um livro distribuído pela Secretaria da Educação como material de apoio.
“Parece que não houve revisão do material. Apesar de a gente tentar minimizar, como é que você inverte o Paraguai com o Uruguai colocando o nome do Paraguai dentro da Bolívia? Você acaba criando uma confusão, sobretudo, no aluno que está em processo de formação”, disse o professor de geografia Alexandre Zanin.
“Está faltando um país também. É difícil”, comentou o estudante João Gabriel Anchieta.
“Ninguém descobriu isso. Acho que é uma coisa de responsabilidade não só pelos alunos e para eles que estão vendo que está errado e não corrigem. Ele tem que aprender o certo, e não o errado”, reclamou a avó do estudante, Filomena Cabral Moreno.
“Ele atinge um público impensável. Mesmo aquele livro que está destinado a um aluno de sexta serie pode ficar depois numa biblioteca, ele pode atender a pesquisa de menino da quinta serie. Uma dona-de-casa pode ter uma informação. Multiplica-se esse erro, que parece pequeno, pelo número de alunos que vão usar esse livro hoje e tantos que possam ter acesso a esse livro durante anos seguidos. Um livro didático não pode ser um jogo de sete erros ou um complexo de pegadinhas”, observou a especialista em educação Silvia Gasparian Colello.
A equipe de reportagem do Bom Dia Brasil produção pediu uma entrevista à Secretaria Estadual de Educação, que preferiu enviar uma nota em que diz que os livros não serão recolhidos, porque os professores foram informados dos erros e devem avisar seus alunos. Ainda segundo a nota, esses erros ocorreram devido a falhas da Fundação Vanzolini, que fez os mapas e o projeto gráfico da cartilha.
A Fundação Vanzolini, também em nota, disse que a versão correta do mapa foi colocada na página da internet, que serve de comunicação entre os professores da rede estadual. Difícil é convencer pais e alunos dessa explicação.

* Matéria veiculada no telejornal Bom dia Brasil, 17.03.09

sexta-feira, 20 de março de 2009

Clodovil

Polêmico sim!
Lendário não!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Pague para estacionar

Levanta o dedo quem não se irrita com os flanelinhas nos estacionamentos. A gente para o carro e eles já chegam gritando, intimando, pedindo para vigiar. Mas vigiar o que? O estacionamento é perigoso? Eles são policiais para evitar furtos? O estacionamento que é público virou local privado, você é intimado a dar moedinhas para esses bacanas. E aí se você der uma moeda de 25 centavos... É pouco! Os vigias querem mais.

Não existe um estacionamento, pelo menos aqui em Brasília, que não tenha essa máfia de flanelinhas. Você não tem mais paz para deixar seu carro sem que um "vigia" fique no seu pé. Eu me recuso a dar dinheiro. Primeiro, porque o estacionamento é público e segundo porque o cara não está me prestando serviço algum. Na maioria dos furtos em estacionamentos há um conhecido desses vigias envolvido. Quando seu carro aparece riscado ou sem o limpador de vidro, provavelmente, é um aviso de que é preciso pagar pelo trabalho "árduo" do vigia.

Sinceramente, não acredito que o governo não possa fazer nada. O mais chocante é que nem a polícia faz. Já fui duas vezes registrar queixa contra flanelinhas. Em um dos casos, não dei a moeda e o pilantra começou a chutar meu carro. E no segundo, o homem quase entrou dentro do carro... Eu chamaria isso de sequestro. Depois das reclamações, ele continua lá. Eu é que não tenho coragem de deixar meu carro no "estacionamento privado do flanelinha".

Conseguir uma vaga na tão falada cidade planejada é um sufoco. Desafio maior ainda é aguentar os flanelinhas que mandam e desmandam. Não temos mais estacionamentos públicos...

segunda-feira, 16 de março de 2009

O nó ortográfico


Entre o caos e a tranquilidade, o que gosto mesmo é escrever. Desde que as novas regras ortográficas entraram em vigor, 1° de janeiro deste ano, o meu maior desafio tem sido enfrentar as correções do Word. Agora mesmo, escrevia tranquilidade sem trema, mas o programinha pop insistia em colocar trema. Tive uma ideia: adicionar as “novas” palavras no dicionário do Word. Aliás, ele ainda não foi informado sobre as mudanças em nossa Língua Portuguesa. E o prazo é longo, temos até 2012 para se adaptar às “transformações”.

Na minha opinião, nós, brasileiros, aceitamos bem as mudanças. Não reclamamos dos aumentos dos impostos, não reclamamos dos péssimos serviços oferecidos, não reclamamos dos políticos, não reclamamos das estradas esburacadas, não reclamamos quando falta luz e perdemos um eletrodoméstico. Por que iríamos reclamar da mudança ortográfica?

Desde que fui alfabetizada, aprendi que ideia se escreve com acento. Mas sabe-se lá por que um presidente teve uma ideia de assinar um acordo ortográfico e mudar uma das coisas mais belas que nós (brasileiros) temos: a Língua. E a partir de agora, cai o acento de ideia, estreia, voo, enjoo, para (pára), pelo (pêlo). Tira hífen, tira trema, dobra letra, vai fazendo uma verdadeira salada de letras...

Talvez, o Volp (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), que chega nesta semana às livrarias (R$ 120,00), possa nos ajudar a entender um pouco mais sobre a reforma ortográfica e nos reeducar em relação à escrita. Por enquanto, eu sou brasileira e vou aceitando as mudanças. Mas se alguém me obrigar a escrever “pra mim fazer”, “mim monta barraca no Congresso Nacional”. A era tupi, sinceramente, já passou!

sábado, 14 de março de 2009

Cutucada da semana - Hora extra

O primeiro secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), pediu nesta terça-feira (10) um parecer ao advogado-geral do Senado, Luiz Fernando Bandeira de Mello, sobre o pagamento de horas extras para os funcionários no mês de janeiro, quando não houve sessão. O antecessor de Heráclito, senador Efraim Morais (DEM-PB), divulgou nota afirmando que o ato esta dentro da legalidade.
Heráclito afirmou que pretende levar o caso à Mesa Diretora. “Estamos mandando apurar os fatos. Pedi um parecer ao advogado-geral do Senado para levar depois à Mesa Diretora”. Ele diz ter sido surpreendido pela revelação feita pela reportagem da Folha de São Paulo de que o pagamento de horas extras em janeiro teria sido superior a R$ 6 milhões.
Para o primeiro secretário, não há irregularidade no pagamento se houve efetivamente o trabalho dos servidores. “É preciso apurar, porque é verdade que no recesso alguns trabalham, que existe o plantão. Receber hora extra por trabalho não tem nada de errado, nada de ilegal”.
O antecessor de Heráclito, por meio de nota, defendeu a ação. Morais afirma que o ofício assinado por ele três dias antes de deixar o cargo autorizando o pagamento está dentro da legalidade. Ele destaca que no ofício consta a expressão de que o adicional só deve ser pago aos servidores que efetivamente trabalharam. Morais afirma que cabe a cada gabinete informar que funcionários trabalharam, não sendo, portanto, decisão de sua alçada.
Para o atual primeiro secretário, as denúncias sobre servidores da Casa têm sido motivadas pelo descontentamento de alguns com a eleição de José Sarney (PMDB-AP) para a presidência do Senado. “Nós vamos apurar tudo, mas não pode continuar esta paranoia que existe em alguns setores no Senado que estimulam denúncias generalizadas que não levam a nada e paralisam o Senado”.
* Matéria publicada no G1, 11.03.09

sexta-feira, 13 de março de 2009

Salve-se, quem conseguir

Já estamos acostumados a abrir os jornais e ver notícias “estranhas” em relação aos fatos que acontecem em hospitais públicos do Brasil. Há duas semanas, estamos acompanhando a “confusão” da mulher que estava grávida de gêmeos; mas na hora de voltar para casa, levava apenas um bebê – que a própria mãe desconfia não ser o dela (e olha que intuição de mãe é forte). Outro caso que chamou atenção na semana foi o da paciente que teve o lado do cérebro operado por engano. E, claro, acabou morrendo!

Casos assim são mais comuns do que a gente imagina. Alguns são tão “bizarros” que conquistam espaço na imprensa. Mas tem aqueles mais “leves”, por exemplo, a paciente quebra a perna direita. A esquerda que é engessada. Uma mulher internada precisa tirar o apêndice, mas o que ela perde é um rim. As mortes por erro médico em hospitais públicos estão no topo dos principais problemas do nosso Sistema Único de Saúde. E se não há erro médico, há falta de leitos, de remédios, de aparelhos, de ambulâncias, de médicos, de enfermeiros... Elementos que podem fazer a diferença entre a vida e a morte.

O discurso do Ministério da Saúde e praticamente de todos os secretários de Saúde é sempre o mesmo: não está faltando nada! O SUS tem suas dificuldades, mas nada que os heróis da saúde não possam melhorar. Será que o ministro da Saúde já precisou ser atendido em um posto? E será que já precisou de um leito público? Passou a madrugada na fila para conseguir atendimento?
Salve-se quem conseguir, porque quando o assunto é saúde pública não há heróis! O que me deixa mais chocada é que, enquanto os hospitais públicos passam por esse caos, funcionários do Senado recebem horas extras por trabalhos feitos em pleno recesso de janeiro. É muita piada com a cara do brasileiro! Mas, afinal de contas... “Pimenta nos olhos do outro é colírio”.

quarta-feira, 11 de março de 2009

A volta do Fenômeno


Como se fosse um milagre (e pra muitos é), Ronaldo está de volta. O primeiro gol do jogador, depois de 13 meses afastados dos campos, fez tanto sucesso quanto o milésimo gol de Pelé. Sinceramente, fiquei impressionada com a cobertura e a importância que foi dada ao retorno do Fenômeno. Na última segunda-feira, Ronaldo foi destaque (e continua sendo) em todos os jornais, inclusive internacionais. A sensação que tive, como telespectadora, era de que Ronaldo tinha ressuscitado, assim como Lazaro (na bíblia)...

Mas conversando com alguns jornalistas, aceitei a repercussão. Claro, se Ronaldo tivesse voltado aos campos espanhóis, italianos, a cobertura teria sido outra. Mas o atacante fez sua brilhante estreia em campos brasileiros. Nada mais, nada menos do que no Corinthians. Um gol “fenomenal”, que nem ele mesmo esperava. Aliás, a cabeça não é mesmo o forte do atacante, basta lembrar dos últimos incidentes em que ele se envolveu...

Nesta hora de tanta alegria e paixão nacional, nada de lembranças de um passado recente e um pouco escuro... E nem perguntas indiscretas. Imagina deixar a “majestade” aborrecida. Para o rei Ronaldo, apenas elogios e um incentivo para continuar. Coberturas assim só reforçam a ideia de que a mídia coroa quem ela deseja. E, enquanto, novos reis vão sendo coroados, algumas majestades como Edmar Moreira (do Castelo Monalisa) e Agaciel Maia (da mansão em Brasília não declarada) saem pela porta de trás... “à francesa”, aliás, o reinado agora é de Ronaldo!

segunda-feira, 9 de março de 2009

O direito é seu (só no papel?)


Em resumo, a lei diz: é proibida a cobrança da taxa de boleto bancário... Em outra, a proibição já se refere ao cheque calção para atendimento em hospitais. Na constituição, nós temos direito à educação e à saúde. Mas você já tentou atendimento em um posto de saúde? Já ligou para o telematrícula para tentar uma vaga na escola? Já foi parar em um hospital particular depois de um acidente de carro e só foi atendido quando deu o cheque calção, porque a direção do hospital não conseguia a autorização com o plano?

Os seus direitos (na maioria das vezes) não são respeitados. Você, ainda, tem uma saída: procurar o Procon ou a Justiça. Procurar o Procon significa enfrentar uma fila para “formalizar” a reclamação. E aguardar os tramites de um processo. Já na Justiça, o tempo que você economizou na fila, você ganha na espera para que o seu caso seja julgado.

Com a mídia a gente aprende bem os direitos do consumidor... Se você ainda não aprendeu, fique atento. Nesta semana, aqui em Brasília, será realizada mais uma Semana do Consumidor. Teremos excelentes personagens, ótimas reclamações, povo indignado com o desrespeito aos direitos do cidadão, do consumidor... E as soluções? Os exemplos dos vitoriosos? “Fulano de tal deve procurar o Procon e formalizar a reclamação para que o órgão possa notificar a empresa.”

Enquanto a empresa espera para ser notificada por não respeitar o seu direito, ou enquanto o seu advogado corre para resolver o problema; você também espera (e se desgasta) para assegurar o direito que é seu!

sábado, 7 de março de 2009

Cutucada da semana - Aborto

A menina de 9 anos que teve a gravidez de gêmeos interrompida, no Recife, deve receber alta nesta quinta-feira (5). Na parte da manhã, ela passou por uma avaliação no hospital onde está internada. Segundo os médicos, ela passa bem, está tranquila e deve receber alta na parte da tarde. Por decisão do Ministério Público de Pernambuco, a criança não retornará para a cidade onde nasceu, no interior do estado. Ela permanecerá no Recife, sob proteção.
Excomunhão
Na quarta-feira (4) o arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, excomungou da Igreja Católica os médicos e todas as pessoas envolvidas na interrupção da gravidez, por entender que este procedimento é contra as leis de Deus.
De acordo com o médico Olímpio Moraes, se a gravidez continuasse, a saúde da menina poderia ser seriamente comprometida. “O risco poderia ser até de morte, ou uma sequela definitiva, fazendo com que ela não pudesse mais engravidar”, diz. No Brasil, a lei permite que o aborto seja realizado em caso de estupro, ou se a mãe corre o risco de morrer. “Ela está incluída nos dois casos. Como médicos, nós não podemos deixar que uma menina de 9 anos seja submetida a este sofrimento, ou até que ela pague com a própria vida”, diz Moraes. O arcebispo considera que houve crime. “A lei de Deus está acima da lei humana. Quando a lei dos homens é contrária à lei de Deus, esta lei não tem nenhum valor”, diz o arcebispo.
Violência
A gravidez foi descoberta na semana passada, depois que a menina reclamou de dores e foi levada a uma unidade de saúde. Os médicos classificaram a gestação como de alto risco, pela idade e por ser de gêmeos. Segundo os médicos, a mãe pediu para que o aborto fosse realizado.
O padrasto da menina foi preso, suspeito de ter abusado da garota e ser pai dos bebês que ela esperava. De acordo com a polícia, a menina sofria violência sexual desde os 6 anos. O mesmo homem é suspeito de abusar da enteada mais velha, uma adolescente de 14 anos.
* Matéria retirada do site G1, publicada em 05.03.09

sexta-feira, 6 de março de 2009

A próxima vítima


Se você me perguntar “como foi a semana?” Eu vou responder: violenta. Desde domingo que estamos sendo bombardeados com notícias na mídia sobre sequestros relâmpago, assaltos e assassinatos. Só na capital do País, foram oito sequestros relâmpago noticiados na semana. Sem contar aqueles que as vítimas não têm coragem de denunciar. No Rio de Janeiro, um casal também foi vítima de sequestro e o pior foi testemunha da maldade dos bandidos. Depois de ser jogado da encosta da Avenida Niemeyer, o casal ainda teve forças para dar entrevistas à imprensa e contar os momentos de terror.

Nós assistimos a tudo e ficamos, no mínimo, impressionados. Passamos a semana inteira olhando para todos os lados antes de entrar no carro, estacionamos em lugares mais claros, seguros. Trancamos a casa e voltamos para verificar se está trancada mesmo... E por aí vai... Somos contagiados pelo medo, pela insegurança - sentimentos que a mídia passa ao veicular (publicar) matérias sobre violência. A mídia está no seu papel, noticiar o fato; mas será que a cobertura que é feita hoje é de alerta ou de dramatização?

Pergunto isso, porque na maioria das matérias (que li e vi essa semana) sobre violência a vítima era o destaque da notícia. Por que não o secretário de Segurança? O governador? A polícia? Autoridades que possam falar que ações farão para combater à violência. Por que explorar ao máximo o momento de sofrimento do outro? Nós, telespectadores, ficamos atentos e sentimos até compaixão da vítima. Mas se o seu irmão, o seu pai, a sua mãe, a sua namorada, um amigo, fosse a próxima vítima. Você gostaria de ver, na mídia, o drama ou as ações para proteção e segurança da vítima e da sociedade?

* Ilustração - fotosearch.com.br


quarta-feira, 4 de março de 2009

A moda é exclusividade

Exclusivo! Nossa equipe de reportagem conseguiu imagens de um assalto a uma farmácia no Recanto das Emas. Exclusivo! Nossa equipe de reportagem teve acesso a documentos da Corregedoria da PM... Exclusivo! Nossa equipe de reportagem denuncia o caos nas escolas públicas do DF. Em entrevista exclusiva, o ministro da Fazenda fala sobre a crise econômica.

Sinceramente, o que é exclusivo? Nos telejornais, principalmente os locais, a moda virou a exclusividade. Tudo é exclusivo? Sentada no banco da faculdade, eu aprendi regras e valores para usar o “exclusivo”. Parece-me que hoje o adjetivo virou um imã para atrair os telespectadores. Imagina, você com a televisão ligada e o apresentador diz: “exclusivo”. É inconsciente, o seu olho nem pisca... Além de imã, o “exclusivo” virou vendedor de feira, grita ao seu ouvido para chamar sua atenção e você, muitas vezes, nem percebe que aquela notícia “exclusiva” nasceu de alguma outra dada por algum veículo de comunicação.

Fico me perguntando por que a mídia está apostando tanto nesse amuleto: exclusivo. Está faltando telespectador, leitor, ouvinte? Ou qualquer produção mais elaborada, que fuja do papai-mamãe jornalístico, já vira exclusivo?

Exclusivo! Foi o que vimos, por exemplo, nas imagens feitas por um cinegrafista de uma emissora, onde autoridades faziam gestos “obesos” em relação aos problemas da empresa área Tam. Quem se lembra do fato? Isso é que dá gosto de ver. Imagens de flagrantes, declarações dadas a um jornalista, documentos secretos que são revelados a uma fonte. Lembram-se do Garganta Profunda? Fonte secreta que revelou a um jornalista informações e denúncias do presidente Richard Nixon, no escândalo Watergate?
Espero que essa “nova” exclusividade que vem surgindo na mídia seja tão passageira quanto à moda... espero não ter quer voltar no passado para lembrar o que é “exclusivo”...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Ressaca do carnaval


Sei lá se o carnaval terminou ou se já começou o “esquenta” para 2010. Nesses dias de folia, o povo esquece dos problemas e a única regra é se divertir. Está certo, a gente já passa o ano preocupado demais. Vale usar qualquer fantasia, cantar qualquer ritmo, beijar na boca de qualquer pessoa e beber qualquer coisa que vá te deixar “doidão”.

Não tenho preconceito e até faço parte do bloco dos quaisquer... o que me chama atenção no carnaval é a inversão dos valores de notícia na impressa. Os assassinatos, a violência, a corrupção, as mortes e Cia dão lugares nas manchetes para as celebridades e rainhas seminuas e com corpos coloridos. Até os anônimos viram celebridades no carnaval e ocupam a capa de grandes jornais. Alguns amigos jornalistas retrucam: “Ué, Marina; mas é isso que o povo quer ler e ver. Ninguém quer esquentar a cabeça...”

Concordo! Ninguém quer esquentar a cabeça. No carnaval, o que vale mesmo é mostrar coisas coloridas, gente famosa, praias lotadas, blocos na rua, gente feliz. Mas, durante o carnaval coisas bizarras acontecem e a mídia dá apenas uma nota (ou nem dá). Foi o caso dos dois jovens mortos em Ouro Preto. No meio da multidão, eles levaram tiros nas costas e os corpos ficaram no chão. Depois que a multidão passou, cantando e sambando... lá estavam os corpos estendidos. “Quem matou? O que aconteceu? Brigas? Ciúmes?” Eu não sei dizer, nem mesmo o jornal que deu a notícia, porque a manchete era: Daniela Mercury caiu em cima do trio elétrico em Salvador. Ao abrir o jornal, fotos em sequência do tombo da rainha baiana. Já os jovens mortos... a notícia está na coluna lateral do jornal...

“A gente publica o que o povo quer ler, ver e ouvir. Publicamos o que vende!” Foi isso que uma amiga jornalista, que trabalha em um jornal impresso, me falou quando questionei esse fato... ainda bem que o carnaval passou e eu poderei (poderemos) voltar a ler notícias!