Depois dos recentes recuos do
governo, o de hoje foi bem visto! A suspensão nessa quarta-feira da presidente
do TSE, ministra Cármen Lúcia, sobre os dados dos eleitores, que seriam
entregues de “mão beijada” para a Serasa, foi aprovada! Que susto, achei que
teríamos o “Big Data da Inadimplência”.
O sistema eleitoral no Brasil é
um dos mais completos quanto às informações pessoais de um cidadão. E se você,
caríssimo, está em dívida com a Justiça Eleitoral terá sérios problemas. Um
simples exemplo, você não votou na última eleição e não regularizou a situação.
Anota aí a dor de cabeça: não pode tirar carteira de identidade, nem passaporte,
renovar matrícula em instituição de ensino oficial, abrir conta bancária, não
pode participar de concurso público e não pode obter empréstimos em
instituições governamentais...
E qual o interesse da Serasa
nisso? Oh, deixa a ingenuidade fora desse papo. Nossos dados (sim, pessoais)
valem ouro para “poderosas empresas digitais”. A Serasa é grande detentora de
análise de crédito no Brasil. Então, não daria certo misturar “desobediência
civil” com liberação de grana. Imaginem se inadimplência eleitoral virasse
inadimplência comercial. Ah, não! Acabaria com a festa da classe C, D, E...
Calcula aí a diferença! Você não
vota, nem justifica. Depois de 4 anos, resolve acertar sua “dívida” com a Justiça
Eleitoral. Paga uma multa de R$ 3,00 e pronto! Nome limpo. Agora faça a conta
“comercial”. Você pega um empréstimo, não paga e depois de 4 anos decide acertar
o que deve. Acho bom ter um “bem” pra vender... A taxa média dos juros nesses
empréstimos é de 6%, às vezes chega à 14%.
SPC! Só pra seu conhecimento, é
uma burocracia tirar um nome da lista de devedores. Apesar da Serasa afirmar
que os dados são públicos, saiba que é outra burocracia pesquisar se você tem
alguma dívida que impeça alguma compra. A burocracia é sobrenome do cidadão, as
empresas têm facilidade “pra te botar no SPC”. Tanto é que o número de
indenizações por danos morais cresceram no Brasil. Entendeu a equação? E depois desse susto, você ainda
vai reclamar que o Obama monitora a sua rede social?