terça-feira, 23 de novembro de 2010

Tamanho não é documento; mas é notícia

O homem mais alto do mundo, o turco Sultan Koser, invadiu as manchetes brasileiras nos últimos dias. Em um programa semanal, o homem mais alto do mundo aparece curvado... pra entrar no elevador e chegar ao local onde daria a entrevista ao apresentador... No início da semana, ele estava em uma das avenidas mais conhecidas do Brasil – Avenida Paulista, em SP. Em seguida concedeu uma coletiva aos jornalistas e virou manchete. Você conhecia cinema? Não! Quantas namoradas você já teve? Eu nunca namorei. Como foi sua infância? Morava em um bairro pobre...

Por que o homem mais alto do mundo é notícia? Porque veio conhecer o Brasil? Porque sofreu um tumor que o deixou com 2,47m? Porque é “engraçado” ver coisas diferentes nos jornais? Concordo que o inusitado merece espaço; mas neste caso... Sultan é considerado o homem mais alto do mundo por causa de um tumor, que só foi curado aos 24 anos. Por que? Era uma criança pobre e sem acesso à Saúde. Se isso for inusitado, então, cabe a imprensa procurar por outras anomalias e dar espaço nas manchetes.

Imaginem quantos obesos mórbidos poderiam “concorrer” ao título de “mais gordo do mundo” porque não conseguem uma cirurgia bariátrica no SUS... E por isso são gordos (e correm risco de vida). Tamanho, pra mim, seria notícia, se Sultan fosse o homem mais alto do mundo com saúde ou um jogador de basquete... Não um homem triste, com dificuldades para andar e com uma trajetória de vida que é um drama. Os 2,47m de Sultan parecem pequenos perto dos reais sofrimentos dele...