segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Tecla branca

Naquele domingo, João Paulo Rodrigues da Silva não iria ao clube com sua família. Naquele domingo, seus pais e sua irmã mais velha, Bianca Rodrigues da Silva, acordaram cedo para ir à escola. “Oh, pai, a Bianca tem aula hoje?” O pai respondeu que João também iria para escola e quando voltassem almoçariam todos juntos.

No fogão, a comida estava sendo preparada pela mãe. Feijão preto, arroz branco, carne de panela. “Oh, mãe. Você vai fazer batata frita?” A mãe respondeu que não. Bianca lembrou que todos precisavam levar para escola um documento com foto. A regra agora tinha mudado.

Eram quase 11h quando todos saíram de casa. Chegaram à escola e lá uma fila... “Oh, pai, por que as pessoas estão paradas aqui?” A escola estava cheia de eleitores. Na fila, João só escutava o apito das urnas. Primeiro foi Bianca. Depois a mãe e depois o pai, de mãos dadas com João.

João, de apenas 8 anos, observou o pai apertar as teclas. Ele reparou nas cores: branca, verde e amarela. “Oh, pai, não tem a vermelha?” O pai respondeu que não. Depois de cumprido “o direito”, a família Rodrigues da Silva voltou para casa. A mãe foi para o fogão, o pai para frente da televisão e Bianca para o computador. João foi o único que ficou perto da mãe.

Durante o almoço, Bianca tentou iniciar um diálogo sobre as eleições e seus votos. Os pais respondiam com monossílabos. Entre as frases perdidas na mesa do almoço, uma causou indigestão: “O papai só apertou a tecla branca...”

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Tudo igual...

Mais uma vez somos espectadores da disputa eleitoral, ou melhor, do circo eleitoral... De quatro em quatro anos, tudo se repete... O Tribunal Superior Eleitoral divulga um monte de “novas-e-brilhantes” iniciativas (pra grego ver), candidatos preparam “estrategicamente” planos de governo, mídia realiza infinitos debates entre os “concorrentes” aos melhores salários do país... E por aí segue a repetição.

Até a “história” das multas é igual. A multa eleitoral é aplicada ao candidato que não obedece à lei eleitoral. Ou seja, desrespeita uma norma, uma regra... Belo exemplo, não? Nem entrou no cargo que concorre, mas já mostra que lei (no Brasil) não foi feita mesmo para cumprir...

Lula, Dilma, Serra e companhia ilimitada já foram multados, nesta disputa eleitoral, por propaganda antecipada. Os valores parecem piada... Descumprir a lei custa apenas R$ 5 mil. E outra: o candidato pode ser multado inúmeras vezes sem nenhuma penalidade para campanha, partido ou para ele mesmo. A regra é básica: paga-se a multa e segue o jogo...

Sem utopia ou “pieguisse”, mas nesse ponto a Justiça falha. Precisávamos de mais punho contra essas ações ilegais. Novos eleitores são conquistados por meio dessas propagandas. É como se fosse (ou é) um vale-tudo para conquistar votos. Mas quem questiona o exemplo? Quem dá o exemplo?
Assim segue a repetição... Até minha cutucada entrou nesse jogo... Já ficou repetitivo falar dos nossos futuros candidatos...

sábado, 7 de agosto de 2010

Sem tempero

Pra quem viu o primeiro debate entre os candidatos à presidência do Brasil na televisão, esta expressão é unânime: “sem tempero”. Alguns vão tentar me convencer de que um candidato lunático animou a noite...

A emissora tentou ser imparcial, até que tinha regras para tal; mas a noite de debate ficou apenas com dois candidatos. O lunático reclamou, mas não adiantou. Ele inclusive reclamou bem antes, quando quase foi excluído de participar, vamos chamar assim, da “conversa entre amigos...”

O nervosismo dos candidatos foi notado até pelo bêbado (que assistia SP x Inter). O discurso pronto, ensaiado, já não agrada tanto. Tanto que a audiência foi pequena ... E o poder de síntese, nenhum deles mostrou que tem. Aliás, só um deles. O candidato que já tentou a vaga em outras eleições. Você ainda pode questionar, “mas eram só dois minutos para falar”.. Minha réplica: 30 segundos é tempo suficiente para dar uma informação!

Durante a “conversa entre amigos”, o twitter (microblog) “bombou”. Os internautas também não estavam satisfeitos com o que viam... Eram frases com piadinhas sobre o desempenho dos possíveis presidentes: “A Dilma está mais nervosa do que carne de terceira”, Ricardo Pipo – ator.

E isso é o pior... Na oportunidade de, de fato, debater; nós vimos discursos preparados, frases treinadas, estratégias (de tentativa) de controle e como sempre um “diferente”, no caso, o que assumiu o papel de lunático. E pra falar a verdade, eu tenho medo dessas diferenças... Da última vez, foi o metalúrgico, sindicalista que levou “a vaga”.

A menos de dois meses para eleição, para a escolha do “novo” presidente do país... Nossa comida continua sem tempero!