segunda-feira, 16 de março de 2009

O nó ortográfico


Entre o caos e a tranquilidade, o que gosto mesmo é escrever. Desde que as novas regras ortográficas entraram em vigor, 1° de janeiro deste ano, o meu maior desafio tem sido enfrentar as correções do Word. Agora mesmo, escrevia tranquilidade sem trema, mas o programinha pop insistia em colocar trema. Tive uma ideia: adicionar as “novas” palavras no dicionário do Word. Aliás, ele ainda não foi informado sobre as mudanças em nossa Língua Portuguesa. E o prazo é longo, temos até 2012 para se adaptar às “transformações”.

Na minha opinião, nós, brasileiros, aceitamos bem as mudanças. Não reclamamos dos aumentos dos impostos, não reclamamos dos péssimos serviços oferecidos, não reclamamos dos políticos, não reclamamos das estradas esburacadas, não reclamamos quando falta luz e perdemos um eletrodoméstico. Por que iríamos reclamar da mudança ortográfica?

Desde que fui alfabetizada, aprendi que ideia se escreve com acento. Mas sabe-se lá por que um presidente teve uma ideia de assinar um acordo ortográfico e mudar uma das coisas mais belas que nós (brasileiros) temos: a Língua. E a partir de agora, cai o acento de ideia, estreia, voo, enjoo, para (pára), pelo (pêlo). Tira hífen, tira trema, dobra letra, vai fazendo uma verdadeira salada de letras...

Talvez, o Volp (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), que chega nesta semana às livrarias (R$ 120,00), possa nos ajudar a entender um pouco mais sobre a reforma ortográfica e nos reeducar em relação à escrita. Por enquanto, eu sou brasileira e vou aceitando as mudanças. Mas se alguém me obrigar a escrever “pra mim fazer”, “mim monta barraca no Congresso Nacional”. A era tupi, sinceramente, já passou!

3 comentários:

Gabriela Matarazzo disse...

Eu odeieeeeeeeeei essas novas regras. Imagina as criancinhas q saíram da escola agora e vão ter q aprender tudo de novo??? Coitada das professoras!!!

Bjossss

Yuri Achcar disse...

Coitados dos tupis. Eles não têm culpa, sequer vão ganhar dinheiro vendendo novas gramáticas e dicionários.

Rodrigo Otávio disse...

Não vejo benefícios com essas novas regras. Pelo contrário. Em um país onde o ensino é tratado de forma tão negligente, acho difícil a difusão desta reforma na língua contemplar os estudantes excluídos, aqueles que andam quilômetros no sol escaldante no interior do Nordeste para chegar em escolas sem a mínima condição de funcionar. Enquanto milhões de brasileiros quebram a cabeça para tentar ficar por dentro das novas regras, as editoras vêm com mãos de tesoura picotar o nosso suado dinheirinho. E como Sempre aconteceu na história deste país, o conhecimento é comprado a preço de ouro. E a elite burguesa detém as minas. E a Democratização do saber? Ainda uma Utopia! Só ir a uma escola pública de cidade-satélite que da para ter uma noção. Essa reforma nem sequer vai aproximar os povos de língua portuguesa. Isso é politicagem barata. Em Portugal as pessoas vão continuar falando acção, factual. E no Brasil, infelizmente, os cidadãos vão continuar na dúvida cruel: como se escreve isso mesmo? É o reflexo da desvalorização do ensino e da monopolização do conhecimento.