quarta-feira, 4 de março de 2009

A moda é exclusividade

Exclusivo! Nossa equipe de reportagem conseguiu imagens de um assalto a uma farmácia no Recanto das Emas. Exclusivo! Nossa equipe de reportagem teve acesso a documentos da Corregedoria da PM... Exclusivo! Nossa equipe de reportagem denuncia o caos nas escolas públicas do DF. Em entrevista exclusiva, o ministro da Fazenda fala sobre a crise econômica.

Sinceramente, o que é exclusivo? Nos telejornais, principalmente os locais, a moda virou a exclusividade. Tudo é exclusivo? Sentada no banco da faculdade, eu aprendi regras e valores para usar o “exclusivo”. Parece-me que hoje o adjetivo virou um imã para atrair os telespectadores. Imagina, você com a televisão ligada e o apresentador diz: “exclusivo”. É inconsciente, o seu olho nem pisca... Além de imã, o “exclusivo” virou vendedor de feira, grita ao seu ouvido para chamar sua atenção e você, muitas vezes, nem percebe que aquela notícia “exclusiva” nasceu de alguma outra dada por algum veículo de comunicação.

Fico me perguntando por que a mídia está apostando tanto nesse amuleto: exclusivo. Está faltando telespectador, leitor, ouvinte? Ou qualquer produção mais elaborada, que fuja do papai-mamãe jornalístico, já vira exclusivo?

Exclusivo! Foi o que vimos, por exemplo, nas imagens feitas por um cinegrafista de uma emissora, onde autoridades faziam gestos “obesos” em relação aos problemas da empresa área Tam. Quem se lembra do fato? Isso é que dá gosto de ver. Imagens de flagrantes, declarações dadas a um jornalista, documentos secretos que são revelados a uma fonte. Lembram-se do Garganta Profunda? Fonte secreta que revelou a um jornalista informações e denúncias do presidente Richard Nixon, no escândalo Watergate?
Espero que essa “nova” exclusividade que vem surgindo na mídia seja tão passageira quanto à moda... espero não ter quer voltar no passado para lembrar o que é “exclusivo”...

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