segunda-feira, 30 de março de 2009

Cadê o diploma?

Se o presidente Lula fosse iniciar esse texto, provavelmente, ele diria: “Nunca na história desse País, o Supremo Tribunal Federal julgou tantos casos polêmicos...” E eu concordaria com ele. Nesta semana, mais um “caso polêmico” será “decidido” na Corte: a exigência do diploma para jornalistas.

A polêmica começou quando o Ministério Público Federal entendeu que, baseado no artigo 5° da Constituição – que fixa o direito do livre trabalho e da livre expressão da atividade intelectual e de comunicação, não seria necessário o diploma para os jornalistas. Em 2001, uma liminar da Justiça suspendeu a obrigatoriedade do diploma para exercer atividades jornalísticas. E agora caberá ao STF “bater o martelo”.

Se a Corte entender que para ser jornalista não é preciso sentar no banco de uma universidade, quantas outras profissões seguiram o mesmo caminho? Já basta a de “presidente do Brasil”. E quem dedicou sua vida aos estudos da comunicação, da ética, da Lei da Imprensa, lutou por uma formação acadêmica... será indenizado pela Justiça por tanto tempo perdido? E como fica a situação de quem ainda está na faculdade, lutando pelo diploma?

A discussão é, no mínimo, polêmica. E não me assustaria se o diploma de jornalista fosse banido. E isto abriria precedentes para que outros diplomas sejam “rediscutidos”. O julgamento será nesta quarta-feira, dia 1° de abril, dia da mentira. Até lá, espero ver mais notícias sobre o assunto nos jornais, quem sabe manifestações, jornalistas discutindo o assunto... Se o presidente Lula fosse finalizar esse texto, ele diria: “nunca na história desse país se viu tanto jornalista sedentário.” E eu concordaria com ele!

Um comentário:

Rodrigo Otávio disse...

As coisas no Brasil parecem irreais. Concordo que todos tenham direito de se expressar e comunicar. Mas o trabalho de jornalista vai muito além disso. Envolve muitas coisas. São pautas diárias que devem ser importantes para sociedade, apuração do fatos, cruzamento de dados, investigação, enfim, é um trabalho que precisa ser desenvolvido. Além de estudar as teorias da comunicação, importantíssimas para compreender o panorama da mídial atual, é preciso compreender os aspectos sociológicos, psicológicos, culturais e econômicos da sociedade. Além disso, os jornalistas devem saber dominar as ferramentas e tecnologias de trabalho. A universidade, por mais que esteja fragilizada, é um referencial que não pode ser perdido. Ignorar esses fatos é como colocar arma nas mãos de quem não foi preparado para usa-la. Li uma crítica no site da Fenaj e a análogia faz todo sentido: "Jornalista sem diploma é como transar sem camisinha". Imaginou como seria a difusão da Aids na comunicação brasileira? O STF não pode se curvar aos reacionários. E os jornalistas muito menos. Vejo pouco movimento dos profissionais de Brasília, fico apreensivo. No Brasil, os trabalhadores não têm consciência de classe e, por isso, são tratados assim, como meros prestadores de serviço. Se todos têm direito de se expressar, por que a comunicação brasileira é dominada por pequenos clãs? Sou Jornalista! Não abro mão, do meu diploma e da boa formação!