segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sem nome

Afonso chegou em Brasília em 1983. Deixou pra trás apenas seus pais na cidade de Araxá, Minas Gerais. A capital do país sempre foi atrativa por causa das excelentes chances de bons empregos. E com ele não foi diferente. Em menos de 20 dias, Afonso já estava empregado. Começou servindo cafezinho no gabinete de um “amigo” senador mineiro. Depois de dois meses, Afonso já era uma espécie de assessor no Senado Federal...

Os pais de Afonso não se continham de tanto orgulho. Um menino, de infância difícil, sem muito estudo, hoje era assessor no Senado. Na verdade, nem Afonso entendia bem o cargo e a função dele. Imagina os pais! Mas o que importava mesmo era o contracheque e o sobrenome “Afonso, servidor do Senado”.

Em 2003, Afonso tinha um salário de dar inveja. Conseguiu comprar imóvel em Brasília e em Minas. Tinha carro. Já falava bonito e até frequentava faculdade. Claro, o “amigo” senador mineiro já tinha deixado o cargo... “Vão se os anéis e ficam se os dedos”. Afonso estava em outro gabinete, outra função... Ainda sem entender.
Anos depois, um dos maiores escândalos no Senado. Nomeações que nem mesmo os senadores conseguem explicar. O nome de Afonso estava em uma delas. Mas quem é Afonso diante dos escândalos? O gabinete, em que ele trabalha, não é de repercussão nacional, a função dele não é importante, o salário que ele recebe é apenas mais um gasto... Ou seja, Afonso é só mais um “sem nome” diante da imprensa, mas com a aposentadoria segura.

Um comentário:

Rodrigo Otávio disse...

Esses Afonsos, esses serviços, esses senadores, esse Senado... esse Brasil... : (
- Marina, coloca o link do twitter no teu blog!