sexta-feira, 19 de junho de 2009

Profissão: jornalista



Esperei o susto passar para tentar escrever sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal que “considerou inconstitucional a exigência de diploma para o exercício do jornalismo”. Nunca na história deste País se viu tamanho “retrocesso”. E o mais trágico ou mais cotidiano foi que, mais uma vez, assistimos a tudo de braços cruzados.

Nós, jornalistas, não nos mobilizamos contra o absurdo, contra o abuso... mas depois da decisão, ficamos indignados. A indignação é por que fomos comparados com “chefs de cozinha” ou por que agora não temos profissão?


Quando abri os jornais ontem, senti falta de editoriais sobre a polêmica... por que nos calamos? Acatamos a decisão? Cadê as matérias sobre as consequências? Muitas perguntas ainda não foram respondidas e, talvez, nem serão. Hoje, o Palocci já ocupa as manchetes! E espero que amanhã a apresentadora do jornal não seja a Mulher Samambaia...

3 comentários:

Marina Amaral disse...

JORNALISMO
AGU estuda exigir diploma em seleções

Mesmo com a decisão do STF de derrubar a necessidade de formação acadêmica para o trabalho em redações, advogado-geral da União pretende sugerir que a qualificação seja mantida em concursos

Correio Braziliense - 19.06.09, editoria Política

Rodrigo Otávio disse...

Pois é Marina, que enorme retrocesso. Também fiquei pasmo com a decisão do STF. Mas, realmente, a categoria é desarticulada. Os jornalistas não têm o costume de lutar. Isso é fato. Infelizmente é uma realidade desalentadora. Daí, os coronéis montam em cima mesmo. Me senti um palhação, não pelo tempo que fiquei na faculdade, por que aprender é sempre bom e faz toda diferença, mas pelo fato da desvalorização da profissão, da ameaça à informação de qualidade. Mandei uma carta para a Fenaj e todos os Sindicatos de jornalistas do Brasil, apenas o do Paraná me respondeu. Perguntei sobre a posição deles diante desse problema, qual seria a alternativa viável para solucionar a questão e o que nós, jornalistas, podemos fazer para fortalecer nossa categoria. Cheguei a falar de um exame para jornalistas, nos moldes da OAB, para não desqualificar a informação. Sei que agora a situação é difícil. Já ouvi falar em um Projeto de Lei para regulamentar a profissão. Mas, vamos ver o que de fato será feito. Temo pelo futuro, das cartas marcadas, das indicações pessoais, do apadrinhamento de pessoas desprepardas para os cargos importantes, que exigem muito conhecimento teórico, técnico. Vejo muito jornalista indignado, mas que não tem coragem de protestar. Gostam da profissão, mas tem vergonha de defende-la na rua, no Congresso, ou em qualquer outro lugar. Temos nossa parcela de culpa neste episódio. Fomos omissos em nossas responsabilidades com a categoria. Mas não podemos nos curvar!! Temos de nos organizar, e "lançar os sapatos" contra os monopólios da comunicação e essa justinha cheia de capangas dirigida por mafiosos do poder. Uma pena! Mas, tenho orgulho da minha formação, da minha capacidade e da minha experiência acadêmica. SOU, SIM, JORNALISTA D-I-P-L-O-M-A-D-O!!

Mosca 1 disse...

Porque "nós" não decidimos nada. Quem decide o que sai e o que não sai, como sai, são os donos dos veículos e alguns (poucos) editores muito bem amestrados. Nem editores, se de nível médio para baixo, decidem o que sai. Como os patrões eram a favor do fim da obrigatoriedade, todo mundo ficou quietinho, mansinho. Jornalista é muito corajoso para apertar entrevistado - sendo às vezes desrespeitoso, para dizer o menos -, mas para se impor como classe é um frouxo. Não acho o diploma tão importante; a demonstração de falta de articulação, senso coletivo e por que não corporativismo, sim, é lamentável.