segunda-feira, 4 de maio de 2009

Assunto proibido?

Nesse fim de semana, abri um jornal local e uma notícia me chamou a atenção. O título era Vidas interrompidas. Num primeiro momento, imaginei que leria algo sobre aborto, porque apesar do título remeter a ideia de suicídio, sabemos que a mídia fecha os olhos para tal tema. A surpresa foi tamanha! Há muito tempo que não lia uma excelente matéria sobre suicídio.

Na capital do país, tem um shopping que, desde sua inauguração, ficou conhecido como ponto de suicidas. Várias vidas foram interrompidas por lá; mas a imprensa nunca noticiou se quer uma delas. É a convenção! O acordo. Não falamos de suicídios por ética, porque podemos influenciar os outros desequilibrados. Mas noticiamos casos de pedofilia, sequestros e estupros (!?!)

A matéria alertava que os suicídios, nesse shopping, já viraram caso de segurança pública. Um levantamento, na notícia, mostrava que de 2001 até o dia 9 de março deste ano, 12 pessoas se jogaram do shopping... No local, o assunto é proibido e quando alguém se joga, a segurança está preparada para abafar o caso e o morto... Foi o que revelou a matéria.
Não me interessaria ler uma reportagem sobre um empresário que deu um tiro na boca por uma desilusão amorosa, mas me interessa ler uma matéria como essa que comento. Não foi apenas uma pessoa que se jogou, o fato sempre se repetiu no local. O shopping é um estabelecimento privado e como tal deve zelar pela vida das pessoas que por ali circulam. Por lá, não existem cercas de proteção nem telas... E as cercas que existiam na imprensa, parece que estão sendo quebradas! Talvez, o assunto deixe de ser proibido e as vidas deixem de ser interrompidas.

Um comentário:

Rodrigo Otávio disse...

Também li esta matéria. Frequento muito o tal Shopping e fiquei assombrado com esse número de suicidas. É assustador pensar que, a qualquer momento, pode cair alguém em cima de você quando estiver passeando. Pior ainda é como tratam o assunto. Como se tivesse caído um saco de batata no chão. Pelo que sei, a maioria das pessoas que puseram fim a própria vida eram jovens. Muitos com a filosofia dark, fãs de black. Frequentadores assíduos da frente do Shopping. Onde todas as sextas e sábados, faziam social com os colegas. A escolha do "ponto da morte", para mim, tem haver com a identidade que os grupos de jovens criaram com o local. Ali, os suicidas 'saíram da vida para entrar na história'. Serão sempre lembrados pelos colegas e viraram lenda para os que ainda frequentam as dependências do Shopping do terror. Fico a pensar sobre as influências da galera de hoje. Perdemos muito nossas referências culturais, os valores da família, a harmonia social. Injetam pornografia e violência em nossas cabeças desde crianças, negligenciam educação, cultura e lazer. O resultado, é esse: Jovens enfurecidos, criminosos, inconsequentes, precoces, suicidas. E se não houver mudanças profundas para esse segmento social, a tendência é piorar ao ponto da barbárie. Se já não estamos nele.