terça-feira, 7 de abril de 2009

Exceção

Ontem, segunda-feira, deveria ter publicado uma cutucada quentinha; mas não foi possível. Aí pensei: “que falta de respeito com os cutucadores que acessam o blog na segunda para ler algo novo...” Tentei me consolar, dizendo: “ah, foi uma exceção. Só desta vez...” O fato me levou a uma reflexão...

Nós, brasileiros, adoramos uma exceção. Na fila do banco, encontramos um amigo e lá vamos nós com a cara mais lavada e pedimos para “o amigo” pagar a conta. Coitado dos outros seres que estão a horas na fila esperando. E ainda falamos: “pôxa, quebra o galho aí só desta vez...” Nos estacionamentos, também abrimos uma exceção para ocupar as vagas de idosos e deficientes físicos. O consolo é: “vou ali rapidinho...” e nesse rapidinho, o vovô ficou sem vaga!

Nesses casos, a coisa parece simples. E se essa exceção acontece dentro de um hospital público. Milhões de pessoas esperando uma vaga para conseguir uma cirurgia, mas você conhece o médico e quer ajudar sua empregada doméstica. “Oh, doutor, ajuda aí... Ela não pode esperar tanto tempo...” A complexidade fica ainda maior quando o assunto é política. O contrato não pode ser assinado, a verba não pode ser distribuída, o cargo não pode ser transferido, mas “é só desta vez, uma exceção...”
Com essa filosofia brasileira “é só desta vez”, a gente permite que a exceção vire regra!

Um comentário:

Rodrigo Otávio disse...

A exceção nossa de cada dia está diretamente ligada ao jeitinho brasileiro. E o pior é que a "cara de pau" tornou-se uma máscara comum. As pessoas quebram as regras de convivência sem o menor constragimento. A sociedade é um ambiente hostil. Lamento muito por aqueles que não conseguem se defender. No cada um por si, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco.