sábado, 11 de abril de 2009

Cutucada da semana - Adriano, perdemos

Desde a última sexta-feira, os boatos sobre o atacante Adriano, da seleção brasileira e do Inter de Milão, se multiplicaram.
Nesta quinta-feira, ele resolveu falar e anunciou uma decisão importante, como conta o repórter Tino Marcos. Chinelo, bermudas. É assim que ele quer daqui para a frente. Adriano, aos 27 anos, parou com o futebol. Até quando, nem ele sabe. Sim, ele sorriu. Mas Adriano tinha muitos nãos a dizer. “Falaram que eu uso droga, que eu sou alcoólatra, que eu sou isso, que eu sou aquilo. Eu nunca tive contato com droga e não sou alcoólatra”, afirmou Adriano. Ele confirmou que na semana passada, depois de se desligar da seleção, passou três dias na favela onde foi criado. “Eu gosto de ir para lá, eu ando descalço, de bermuda, então isso me deixa muito à vontade de tomar o Adriano de antes, aquele Adriano que gostava sempre de brincar, de rir”, contou o jogador. Negou envolvimento com traficantes. “Se eu falar para vocês que eu nunca vi, que eu não conheço, eu estou mentindo porque eu fui nascido e criado lá dentro. Agora, conhecer é uma coisa, se envolver é outra”, disse ele. Adriano tem mais um ano de contrato com o Interzaionale e abre mão dos salários que teria a receber. Deve rescindir o contrato. Só não explicou claramente o que o fez decidir parar de jogar. “Eu perdi o brilho, perdi a vontade, então isso foi uma das coisas que me fizeram a fazer isso. Peço desculpas ao Inter, já pedi, já conversei com eles e estou aqui, como homem e falando que assumo todas as responsabilidades, de multas, de qualquer tipo de coisa que eles possam vir a fazer comigo porque eu sei que foi uma decisão de uma maneira errada da minha parte que foi pensada, não foi de um dia para o outro e, com certeza, eles entenderam a minha situação”, declarou Adriano. Ele reconhece que agiu mal ao não se reapresentar ao clube e sequer comunicar que não voltaria. “Pela maneira que eu fiz é claro que eu sei que foi errado, eu deveria realmente comunicar e perguntar, mas acho que chega um momento na vida que você realmente não agüenta mais e chegou no meu limite”, disse. Nega estar deprimido e garante: não fará tratamento. “Eu não vou para clínica nenhuma, até porque eu não sou doente, eu não estou doente, eu não estou precisando de nada. Eu estou precisando estar perto da minha família, perto dos meus amigos, perto do meu país”, comentou Adriano. Coração ferido? Paixão não retribuída? Também não é isso que justifica a tristeza, segundo ele. “Eu não estou sofrendo com namorada e isso nunca aconteceu. A única mulher na minha vida que eu me apaixonei e fico mal por ela até hoje são as duas mulheres que eu tenho na minha vida, que é a minha mãe e a minha vó”, disse o jogador. Adriano disse que a súbita mudança de vida, de menino pobre a homem rico acabou provocando sérios problemas para ele. “Eu saí daqui muito cedo, com 19 anos, e a minha vida virou muito rápido. Eu não tinha nada, eu morava na Vila Cruzeiro na Penha e daqui a pouco eu já era o Adriano, daqui a pouco Imperador. Então, a minha vida aconteceram essas coisas, muito rápido”, lembrou ele. Futuro? Essa resposta, por enquanto, ainda é um tanto vaga. “Acho que o importante agora é ser feliz”, resumiu Adriano.
*Matéria veiculada no telejornal Jornal Nacional, 09.04.09

2 comentários:

Rc disse...

Desde que vi o Adriano na capa do jornal O Dia curtindo ao lado de pessoas, digamos, "suspeitas", não vou com a cara dele. No entanto, nesse caso, apoio o sujeito. Ele tem - ou devia ter - grana o bastante para viver esta e muitas outras vidas. Se não quer mais jogar, parabéns pela coragem. Se vai desperdiçar a grana com isso ou aquilo são outros 550.

Rodrigo Otávio disse...

Coisas da vida né. O cara que não tinha nada virou imperador. Cansou e parou de jogar. A decisão, claro, é totalmente dele. O importante é ser feliz. Mas da mesma forma que as pessoas sempre o trataram como profissional, ele deveria ter sido o homem que ele diz ser, para enfrentar os dirigentes e a torcida italiana e anunciar o que pretendia fazer. Ficou feio pra ele. A vida pessoal e o que ele vai fazer com o império que construiu, é problema dele. Agora, desrespeitar a torcida, sair sem dar tchau, não é coisa que se faça. É cartão vermelho!